segunda-feira, 18 de abril de 2016

Contradições de um golpe de Estado

"(...)uma lei complementar, que é a lei 201, de 2000, no seu artigo 36, veda terminantemente que haja operações de crédito da União com entidades financeiras sob seu controle. Portanto, não podiam ser feitas essas operações de crédito, operações de crédito que foram feitas por longo prazo, em quantias exorbitantes. Que não se confunde com aquilo que pode se chamar de fluxo de caixa, e que pode ter ocorrido no governo Fernando Henrique e no governo Luiz Inácio Lula da Silva, mas que neste governo, seja em 2014, seja em 2015, alcançaram volumes extraordinários por longo tempo, empurrando-se com a barriga uma dívida." - Miguel Reale Júnior (um dos autores do pedido de impechment da presidente Dilma)
Grifem a parte em que o jurista reconheceu que a mesma prática "pode ter ocorrido" nos dois governos anteriores. Por si só, a declaração se configura em prova do golpe de Estado que está em andamento.
Para os que ainda confiam no jornalismo da Rede Globo, aqui está o link de onde a transcrição acima saiu: http://g1.globo.com/…/comissao-da-camara-ouve-dois-dos-juri…
Você pode até ter preferências políticas e razões de sobra para criticar o atual governo, mas me recuso a acreditar que queria escolher o caminho nebuloso de um golpe para depositar sua esperança por dias melhores.
Tão triste quanto apoiar algo que pode colocar em risco direitos conquistados com sangue por pessoas como a presidente Dilma Rousseff, é perceber parte da geração da qual faço parte não se posicionar. Permitam-me dizer: "NEUTRALIDADE", neste caso, é para os covardes. Aliás, a posição - defendida por muitos - nem cabe no contexto atual. Não é o "lavar as mãos" bíblico. Quem cala, apoia. Simples assim.
Tivemos a sorte de nascer e viver em tempos de paz e prosperidade. Jamais precisamos lutar por nada tão sério quanto a LIBERDADE. Já pararam para pensar na história de alguns direitos que muitos de nós desfrutamos hoje? Mulheres com direito ao voto, liberdade de expressão e de imprensa, casamento gay, entre tantos outros. Muita gente apanhou feio para que as boas condições atuais pudessem existir. Não precisamos ter vivido a Ditadura Militar para despertar a repulsa automática pelo Regime de exceção.
É com tristeza no coração que escrevo isso. Foi com vergonha na alma que acompanhei o pesar no rosto de uma mulher com uma história de luta formidável durante uma entrevista coletiva. Na plateia, um monte de colegas jornalistas que, certamente em sua maioria, nem a ouviram com decência. O texto já estava desenhado antes da voz da presidente ecoar. Perguntas idiotas, vazias; outras que deixavam claros os objetivos de se extrair uma frase que se encaixasse naquele texto orientado por quem comanda uma cobertura para lá de duvidosa.
E sorrindo da situação toda e do estado ébrio de uma nação inteira, Eduardo Cunha, Michel Temer e muitos juristas de vários níveis de poder no país.
Por que grau de liberdade estamos dispostos a lutar para o futuro próximo do Brasil?

terça-feira, 5 de março de 2013

Estética x Bem estar comum

"Dilma anuncia investimento de mais de R$ 6 bilhões durante visita à PB

Presidente disse que dinheiro será para obras de saneamento e mobilidade. 
Ainda foi anunciado R$ 70 milhões para obra do Centro de Convenções."


Fonte: Portal G1 Paraíba

Umas das piores estiagens da história assola a Paraíba e provoca desespero e sofrimento a milhares de famílias. Mas esse problema não pede uma resposta urgente do Poder Público. O que precisamos mesmo é de mais uma obra arquitetônica bonita que seja chamada de "cartão postal" para jogar na propaganda institucional da tevê. De tão fundamental, a questão foi responsável até por alinhar os pensamentos do governador e do prefeito da capital, quando da visita da presidenta brasileira à terrinha onde o sol nasce primeiro. Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo - rivais políticos - teriam pedido, em momentos distintos, verbas para a conclusão do Centro de Convenções de João Pessoa. Setenta milhões de reais anunciados por Dilma com um sorriso no rosto, devido à coincidência.

A visita ilustre também acentuou a veia provinciana e vergonhosa da classe política local. Deputados foram impedidos de chegar perto da mulher mais importante do país. Alguns deles, apenas com o objetivo de ganhar imagem de prestígio pela proximidade - ao menos geográfica - dela.

Dilma voltou no mesmo dia para a terra dos palácios, longe do clamor da seca e das perguntas sem resposta sobre o que obstrui a obra salvadora dos nordestinos: a transposição de águas do Rio São Francisco. Aqui, ficaram a alienação, o desrespeito, o desprezo/esquecimento e outros sentimentos negativos, de um lado. Do outro, a certeza de que, quando os políticos querem algo, eles encontram uma maneira de conseguir.

Clébio Melo

sexta-feira, 1 de março de 2013

And the Oscar goes to...

"2012 foi ano de crise, mas economia já está acelerando, diz Mantega

No fim de 2011, ele chegou a prever expansão acima de 4% para este ano.
Para 2013, Mantega reduziu expectativa de crescimento para 3% a 4%."


Fonte: portal G1

Ouso duvidar da reconhecida retórica do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels: não, uma mentira contada mil vezes NÃO se torna verdade! Se o nosso atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, duvida de mim nesse ponto, tem todo o direito. O que conheço de economia é ínfimo perto do que ele domina. Sei que autoridades importantes têm que medir as palavras para não derrubar bolsas de valores em cascata com uma declaração infeliz. Mas creio que a tapeação precise ser suficientemente inteligente para despertar o desinteresse da população, plantar uma pulga atrás da orelha do mercado e de cada especialista da área e ter um propósito que vá além da omissão pura, da enganação ou o que quer que seja nesse sentido.

Em cada entrevista que concede à imprensa, o ministro joga e alimenta projeções tão rasas quanto as previsões da Mãe Dináh. Depois, um instituto oficial vem e as destrói com veemência. Coitada da crise econômica mundial, que carregou, mais recentemente, toda a culpa pelo reles crescimento da economia brasileira em 2012: 0,9%. Esperava-se que o foco da conversa de hoje com os jornalistas passasse pela solução para retirar a pedra que embaraça um ritmo mais coerente nosso com o de nações do mesmo patamar econômico. E o que se viu? Mais um "palpite" otimista para 2013.

Só que o de agora não veio acompanhado de riso. Mantega estava visivelmente tenso, com uma cara de quem sequer confia mesmo no que diz. Pesa sobre ele, além da desconfiança de tanta gente, a pressão que vem até de fora do Brasil. Dia desses, a revista britânica The Economist sugeriu que Guido Mantega fosse demitido. Para não sair do governo em breve, ele terá de tirar da parede o quadro de "o otimista do ano" e agir. Mais que isso: as boas notícias precisam vir num curto prazo de tempo. Tarefa difícil, não é? Mas necessária.

Clébio Melo

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A necessidade de mudar

"Papa Bento XVI abençoa fiéis e pede renovação da Igreja

O pontífice deu sua penúltima benção dominical, a primeira desde que anunciou sua renúncia"


Fonte: site Revista Época


É fato: as pessoas estão se afastando das religiões ditas "tradicionais". Hoje, cada um pode criar a sua e segui-la com uma definição própria de Deus e do que seja o pecado. Pergunte a algumas dessas pessoas se o que fazem é certo para espantar-se com respostas fundadas até na Bíblia! Os fiéis mudaram e a Igreja Católica - para citar apenas uma instituição religiosa - não deu a devida importância. Agora vê-se diante de uma debandada de ovelhas de seu imenso rebanho e parece não saber muito como proceder. Aí falha numa de suas principais funções: a de unir os seguidores e evitar que se dispersem.

Especulações à parte quanto aos motivos que levaram Joseph Ratzinger a renunciar ao papado, está claro que uma nova oportunidade de reforma (ou de "renovação") caiu no colo do Vaticano. Modernizar o catolicismo é preciso. Só não condicione o processo ao esquecimento da história ou ao desrespeito às palavras sagradas. A necessidade de uma mudança mais profunda passa pelo comportamento da Igreja, na linha de ações como o uso da música na carismática para atrair jovens e as palestras bem humoradas de alguns padres na tevê. Adaptações da linguagem nas missas, por exemplo, tornaria mais eficaz a comunicação e o entendimento do legado bíblico. Ser "pop" não é errado. Tudo depende do objetivo.

A reforma da qual falei mais atrás não se resume a eleger um novo Papa e pronto. Pode começar por isso, mas o desafio está em entender os fiéis para traçar medidas que os mantenham mais próximos de Deus e da doutrina. Do contrário, as novas religiões de cunho financeiro e lucrativo saberão perfeitamente como atrair os desertores...

Clébio Melo

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

De pernas curtas

"Aneel muda tarifa da Santa Cruz e Energisa Borborema

(...) A Aneel também aprovou o 3º ciclo de revisão tarifária periódica para a Energisa Borborema, com aumento médio de 7,74%, sendo 7,84% para indústrias e 7,56% para residências."

Fonte: site IstoÉ Dinheiro


Eles nem se dão mais ao trabalho de elaborar uma boa mentira. Falham com a falta de vontade de quem já tem certeza que o povo é burro. Com uma agilidade que contradiz o ritmo normal da maioria das ações do Poder Público, a presidenta Dilma Rousseff anunciou a redução na conta de energia do brasileiro. Era setembro de 2012 ainda. De lá para cá, é o marketing que vem tentando convencer uma população cada vez mais politicamente consciente de que a medida vale mesmo uma grande comemoração. E até agora não conseguiu. Apenas a equipe do Governo Federal e lobistas do setor industrial festejam.

Também pudera. Depois da bonança "nunca antes vista na história deste País" vem a tempestade dos aumentos em série: telefonia fixa, gasolina e - pasmem - até a própria energia elétrica! Para os usuários de 166 mil unidades consumidoras da Energisa em parte da Paraíba, por exemplo, a redução vem acompanhada de outro "r": de "reajuste". É uma piada de mau gosto, alimentada pela incapacidade do governo em explicar responsavelmente de onde virão os recursos para pagar essa bondade toda. Aí cai nos nossos ouvidos a declaração do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão: "(...) O Tesouro tem de bancar. De onde ele vai tirar dinheiro é uma questão interna do Tesouro."

Essa política do "depois a gente pensa numa solução" come, cada vez com mais apetite, as chances de o Brasil liderar o grupo de países com um desenvolvimento estável e sustentável. Os economistas têm um conselho bem proveitoso para situações assim: empurrar uma conta com a barriga só faz aumentá-la.

Clébio Melo

domingo, 27 de janeiro de 2013

Não sabemos o que é prevenção

Alvará de boate incendiada estava vencido desde agosto, diz bombeiro

Fogo começou por volta de 2h30 de domingo (27) e matou pelo menos 232.
Boate recebia festa de estudantes da Universidade Federal de Santa Maria.


Fonte: G1

Depois de toda tragédia é que vem a mobilização do Estado. É sempre assim aqui no Brasil. O Poder Público jamais aprendeu a trabalhar com a prevenção dos desastres, digamos, previsíveis. Foi assim quando das mortes causadas pela chuva na região serrana do Rio de Janeiro. Criou-se um sistema de aleta e alarme para avisar dos perigos iminentes aos moradores de áreas de risco. Ainda nesta semana que começa, vamos ver inspeções e mais inspeções de autoridades nas boates e casas de eventos do RS e do país. Aí a sociedade se tranquiliza até que outra má notícia chegue.

Quem gosta de sair à noite para ambientes como o da Kiss compartilhou da dor e alimentou o medo ao saber da desgraça. É mais comum do que se pensa encontrar locais sem saída de emergência; a mesma porta da entrada é a da saída. E, em algumas boates, o pagamento do consumo só acontece na hora de ir embora! Não há instruções do que fazer em situações como a de um incêndio, por exemplo. Não temos a cultura, em lugar algum do Brasil, da preparação ou do treinamento para uma ação civilizada e correta. Por isso achamos estranho quando sabemos que, em vários países sérios, existem simulações em ambientes públicos para que a população não fique em pânico diante do perigo.

Temos a sorte de casos assim não acontecerem com frequência, pois estaríamos perdidos! Que o luto emanado de Santa Maria (RS) desperte a inteligência e a boa vontade em nossos governantes de abolir uma falha já tão conhecida por todos. Fica mais um aprendizado doloroso de que uma mudança de postura é bem mais importante do que a repetição que sempre surge daquele velho e bom ditado popular: "É melhor prevenir do que remediar."

Paz aos familiares e amigos das vítimas.

Clébio Melo

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Contar não resolve

"Turista é morto a facadas por dívida de R$ 7 em restaurante de Guarujá

Jovem se recusou a pagar diferença e foi espancado por garçons e gerente.
Ao ver confusão, dono do estabelecimento golpeou rapaz com uma faca."


Fonte: G1


A vida tem preço? Tem. A do turista citado nas notícias que rodaram o Brasil neste comecinho de ano custou SETE REAIS. Mas varia de pessoa para pessoa e tem interferência do contexto. A de um ganhador da mega-sena, por exemplo, foi pouco mais de R$ 50 milhões. Ele foi assassinado em 2007. O caso mais recente é bastante emblemático quando se refere a que ponto chegamos no Brasil. Mata-se por nada (ou "quase" nada). Aí, o Ministério Público lança uma campanha pedindo para que as pessoas contem até dez antes de qualquer ato de violência e ficamos com a impressão que o problema é fácil de ser resolvido.

A sociedade que pede tolerância ao apoiar o comercial de tevê cheio de boas intenções é a mesma que alimenta a indisposição para respeitar os opostos. Geração após geração, pais inconsequentes continuam a pedir aos filhos para não trazerem desaforos para casa. Ou seja, esqueçam a matemática da campanha do MP e briguem! E é disto - também - que a violência se alimenta: das nossas incoerências.

O dono do restaurante no litoral de São Paulo pode até ter visto o Anderson Silva falar da técnica para controlar a raiva, mas, certamente, não seria um comercial a mudar tal atitude. Reflexão não é garantia de que a horrível estatística de homicídios por motivos fúteis no País caia. O que combate qualquer tipo de violência é educação (dentro e fora de casa) e punição rigorosa.

Clébio Melo

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mais um fim do mundo

"Milhões esperam o fim do mundo nesta sexta
(...) São Paulo – Milhões de pessoas do mundo todo alimentam a ansiedade e a incerteza sobre se o mundo realmente vai acabar nesta sexta-feira, dia 21 de dezembro. Alguns dizem não ter medo, enquanto outros se preparam para catástrofes."

Fonte: info.abril.com.br

O mundo precisa mesmo ser "resetado". E não é para dar razão, pelo menos uma vez, ao profeta Nostradamus nessa área. É por uma questão de bom senso, numa tentativa de ajeitar o que anda errado e está sem aparente perspectiva de conserto. Mas o mundo do qual falo são as pessoas. Perdemos o respeito pelo outro, pela nossa casa, por nós mesmos. De fato, abusamos da liberdade proporcionada pelo livre arbítrio. A intolerância, em sua acepção mais ampla, é alimentada e cresce com saúde. Será ela a origem da nossa destruição.

Esqueçam as erupções vulcânicas cinematográficas, as bolas de fogo vindas do céu, as ondas gigantes que engolem cidades inteiras e os terremotos que sugam da terra tudo o que foi construído por civilizações ao longo da história humana. O fim começou faz tempo; nós é que não atentamos para o fato. As guerras por motivos religiosos já mataram muitas pessoas; a briga pela posse do Petróleo e, mais adiante, da água potável vai gerar novos embates entre nações; em tempos de sangue fervente, as reservas de bombas atômicas poderão ser usadas; a nossa sede de consumo vai destruir (sem volta) as condições naturais à vida. As relações interpessoais estão tão tensas que, aqui mesmo no Brasil, uma campanha do governo na tevê pede para o cidadão contar até dez para não matar uma pessoa. Vejam aonde estamos indo!

O ansiado "fim do mundo" é a prova de que os terráqueos já desistimos de nós mesmos há séculos. Agora, eu pergunto: precisa ser profeta para enxergar claramente isso? De tão aguardado, já já vira um evento e entra para o nosso calendário turístico, com periodicidade e pompa na escolha dos países/cidades-sede. O que pode haver amanhã, sexta-feira 21, é apenas um ensaio de como serão as transmissões ao vivo.

Clébio Melo

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Guerra Fria

"STF termina julgamento do mensalão com cassação dos mandatos de réus

Ficou decidido que a palavra final é do Supremo, e que cabe à Câmara apenas declarar a decisão do tribunal. Os deputados João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry devem perder os mandatos."


Fonte: Site Bom Dia Brasil

Nem a lógica consegue ser capaz de desvendar os olhos do Poder Legislativo, contaminado por vícios que consomem, a cada ação/reação, a confiança do povo brasileiro nos deputados e senadores. "Não teria sentido que alguém privado da cidadania desde logo pudesse exercer mandato parlamentar ou nele investir-se", disse o ministro do STF, Celso de Mello. Foi dele o voto que desempatou a questão sobre a perda dos mandatos dos deputados condenados no processo do "Mensalão".

Mas não é o que pensa o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). Em declaração à imprensa, ele disse que a Casa poderia NÃO cumprir a decisão do Supremo. Uma espécie de "guerra fria", repleta de pronomes de tratamento, ameaça começar. Na linha de frente, Legislativo e Judiciário se atacam. Escondido nas trincheiras,  como uma representação torta dos macacos sábios, o Executivo: nada ouve, nada vê, nada fala. Tampouco se arrisca a batalhar. E uma das raras provas de que a justiça tarda, mas não falha, fica acoada.

Aplaudimos de pé e vimos com esperança de dias melhores e mais justos a condenação de 25 "cachorros grandes" com enorme influência na política nacional. Agora, o protecionismo - ou o "equivocado espírito de solidariedade", como disse Celso de Mello - põe em perigo a moralização pela qual tanto esperávamos.

Se a Constituição está sendo desrespeitada pelo STF, como afirmou o presidente da Câmara Federal, o que dizer da queda na produção legislativa neste ano, em número e relevância das leis aprovadas? Além disso, deputados e senadores também intimam, ouvem depoimentos, investigam, julgam. Desculpem-me os que pensam o contrário, mas numa democracia frágil como a nossa, "cada macaco no seu galho" pode ainda não ser o melhor caminho a seguir.

Clébio Melo

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Foco errado. Só isso.

"Crise na prefeitura antecipa o fim do ano letivo em Natal

Muitas escolas municipais de Natal não cumpriram o número mínimo de aulas determinado por lei, por falta de recursos. Pelo menos 20 mil alunos foram prejudicados."


Fonte: Site Jornal Nacional


Não faz muito tempo, Natal era uma cidade considerada linda, limpa e organizada. O cuidado com a estética saltava aos olhos de qualquer visitante e chegava a ser ostentado como troféu pelos moradores. Até que uma gestão desastrosa e irresponsável conseguiu destruir os ganhos adquiridos de alguns anos para cá, e que tiveram repercussão na boa visibilidade da capital norte-rio-grandense, na atração de investimentos estrangeiros e, claro, na autoestima da população. Natal passou a causar espanto, indignação, com suas ruas esburacadas e com lixo acumulado, saúde pública caótica, greves que pareciam ter saído de scripts de novela das sete (como a dos coveiros, que obrigou famílias a enterrarem seus mortos).

Agora, um ponto a menos na média de Natal: a secretaria municipal da educação viu-se obrigada a encerrar o ano letivo, antes do tempo, por falta de recursos. Vinte mil alunos prejudicados! O inferno astral da cidade começou com as denúncias de que a prefeita Micarla de Sousa receberia propina de empresas contratadas pela prefeitura para gerir unidades de saúde. E, como uma bola de neve, a crise arrastou a estabilidade política e bateu na área que mais ameaça um futuro de prosperidade: a educação. Entre os documentos apreendidos numa das secretarias municipais, havia até declaração de pagamento de mensalidades escolares dos filhos da então prefeita. Olha aí: Micarla se preocupava com a educação, gente. O foco da preocupação, pelo que parece, é que estava errado.

Clébio Melo