quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mais um fim do mundo

"Milhões esperam o fim do mundo nesta sexta
(...) São Paulo – Milhões de pessoas do mundo todo alimentam a ansiedade e a incerteza sobre se o mundo realmente vai acabar nesta sexta-feira, dia 21 de dezembro. Alguns dizem não ter medo, enquanto outros se preparam para catástrofes."

Fonte: info.abril.com.br

O mundo precisa mesmo ser "resetado". E não é para dar razão, pelo menos uma vez, ao profeta Nostradamus nessa área. É por uma questão de bom senso, numa tentativa de ajeitar o que anda errado e está sem aparente perspectiva de conserto. Mas o mundo do qual falo são as pessoas. Perdemos o respeito pelo outro, pela nossa casa, por nós mesmos. De fato, abusamos da liberdade proporcionada pelo livre arbítrio. A intolerância, em sua acepção mais ampla, é alimentada e cresce com saúde. Será ela a origem da nossa destruição.

Esqueçam as erupções vulcânicas cinematográficas, as bolas de fogo vindas do céu, as ondas gigantes que engolem cidades inteiras e os terremotos que sugam da terra tudo o que foi construído por civilizações ao longo da história humana. O fim começou faz tempo; nós é que não atentamos para o fato. As guerras por motivos religiosos já mataram muitas pessoas; a briga pela posse do Petróleo e, mais adiante, da água potável vai gerar novos embates entre nações; em tempos de sangue fervente, as reservas de bombas atômicas poderão ser usadas; a nossa sede de consumo vai destruir (sem volta) as condições naturais à vida. As relações interpessoais estão tão tensas que, aqui mesmo no Brasil, uma campanha do governo na tevê pede para o cidadão contar até dez para não matar uma pessoa. Vejam aonde estamos indo!

O ansiado "fim do mundo" é a prova de que os terráqueos já desistimos de nós mesmos há séculos. Agora, eu pergunto: precisa ser profeta para enxergar claramente isso? De tão aguardado, já já vira um evento e entra para o nosso calendário turístico, com periodicidade e pompa na escolha dos países/cidades-sede. O que pode haver amanhã, sexta-feira 21, é apenas um ensaio de como serão as transmissões ao vivo.

Clébio Melo

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Guerra Fria

"STF termina julgamento do mensalão com cassação dos mandatos de réus

Ficou decidido que a palavra final é do Supremo, e que cabe à Câmara apenas declarar a decisão do tribunal. Os deputados João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry devem perder os mandatos."


Fonte: Site Bom Dia Brasil

Nem a lógica consegue ser capaz de desvendar os olhos do Poder Legislativo, contaminado por vícios que consomem, a cada ação/reação, a confiança do povo brasileiro nos deputados e senadores. "Não teria sentido que alguém privado da cidadania desde logo pudesse exercer mandato parlamentar ou nele investir-se", disse o ministro do STF, Celso de Mello. Foi dele o voto que desempatou a questão sobre a perda dos mandatos dos deputados condenados no processo do "Mensalão".

Mas não é o que pensa o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). Em declaração à imprensa, ele disse que a Casa poderia NÃO cumprir a decisão do Supremo. Uma espécie de "guerra fria", repleta de pronomes de tratamento, ameaça começar. Na linha de frente, Legislativo e Judiciário se atacam. Escondido nas trincheiras,  como uma representação torta dos macacos sábios, o Executivo: nada ouve, nada vê, nada fala. Tampouco se arrisca a batalhar. E uma das raras provas de que a justiça tarda, mas não falha, fica acoada.

Aplaudimos de pé e vimos com esperança de dias melhores e mais justos a condenação de 25 "cachorros grandes" com enorme influência na política nacional. Agora, o protecionismo - ou o "equivocado espírito de solidariedade", como disse Celso de Mello - põe em perigo a moralização pela qual tanto esperávamos.

Se a Constituição está sendo desrespeitada pelo STF, como afirmou o presidente da Câmara Federal, o que dizer da queda na produção legislativa neste ano, em número e relevância das leis aprovadas? Além disso, deputados e senadores também intimam, ouvem depoimentos, investigam, julgam. Desculpem-me os que pensam o contrário, mas numa democracia frágil como a nossa, "cada macaco no seu galho" pode ainda não ser o melhor caminho a seguir.

Clébio Melo

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Foco errado. Só isso.

"Crise na prefeitura antecipa o fim do ano letivo em Natal

Muitas escolas municipais de Natal não cumpriram o número mínimo de aulas determinado por lei, por falta de recursos. Pelo menos 20 mil alunos foram prejudicados."


Fonte: Site Jornal Nacional


Não faz muito tempo, Natal era uma cidade considerada linda, limpa e organizada. O cuidado com a estética saltava aos olhos de qualquer visitante e chegava a ser ostentado como troféu pelos moradores. Até que uma gestão desastrosa e irresponsável conseguiu destruir os ganhos adquiridos de alguns anos para cá, e que tiveram repercussão na boa visibilidade da capital norte-rio-grandense, na atração de investimentos estrangeiros e, claro, na autoestima da população. Natal passou a causar espanto, indignação, com suas ruas esburacadas e com lixo acumulado, saúde pública caótica, greves que pareciam ter saído de scripts de novela das sete (como a dos coveiros, que obrigou famílias a enterrarem seus mortos).

Agora, um ponto a menos na média de Natal: a secretaria municipal da educação viu-se obrigada a encerrar o ano letivo, antes do tempo, por falta de recursos. Vinte mil alunos prejudicados! O inferno astral da cidade começou com as denúncias de que a prefeita Micarla de Sousa receberia propina de empresas contratadas pela prefeitura para gerir unidades de saúde. E, como uma bola de neve, a crise arrastou a estabilidade política e bateu na área que mais ameaça um futuro de prosperidade: a educação. Entre os documentos apreendidos numa das secretarias municipais, havia até declaração de pagamento de mensalidades escolares dos filhos da então prefeita. Olha aí: Micarla se preocupava com a educação, gente. O foco da preocupação, pelo que parece, é que estava errado.

Clébio Melo