"STF termina julgamento do mensalão com cassação dos mandatos de réus
Ficou decidido que a palavra final é do Supremo, e que cabe à Câmara apenas declarar a decisão do tribunal. Os deputados João Paulo Cunha, Valdemar Costa Neto e Pedro Henry devem perder os mandatos."
Fonte: Site Bom Dia Brasil
Nem a lógica consegue ser capaz de desvendar os olhos do Poder Legislativo, contaminado por vícios que consomem, a cada ação/reação, a confiança do povo brasileiro nos deputados e senadores. "Não teria sentido que alguém privado da cidadania desde logo pudesse exercer mandato parlamentar ou nele investir-se", disse o ministro do STF, Celso de Mello. Foi dele o voto que desempatou a questão sobre a perda dos mandatos dos deputados condenados no processo do "Mensalão".
Mas não é o que pensa o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). Em declaração à imprensa, ele disse que a Casa poderia NÃO cumprir a decisão do Supremo. Uma espécie de "guerra fria", repleta de pronomes de tratamento, ameaça começar. Na linha de frente, Legislativo e Judiciário se atacam. Escondido nas trincheiras, como uma representação torta dos macacos sábios, o Executivo: nada ouve, nada vê, nada fala. Tampouco se arrisca a batalhar. E uma das raras provas de que a justiça tarda, mas não falha, fica acoada.
Aplaudimos de pé e vimos com esperança de dias melhores e mais justos a condenação de 25 "cachorros grandes" com enorme influência na política nacional. Agora, o protecionismo - ou o "equivocado espírito de solidariedade", como disse Celso de Mello - põe em perigo a moralização pela qual tanto esperávamos.
Se a Constituição está sendo desrespeitada pelo STF, como afirmou o presidente da Câmara Federal, o que dizer da queda na produção legislativa neste ano, em número e relevância das leis aprovadas? Além disso, deputados e senadores também intimam, ouvem depoimentos, investigam, julgam. Desculpem-me os que pensam o contrário, mas numa democracia frágil como a nossa, "cada macaco no seu galho" pode ainda não ser o melhor caminho a seguir.
Clébio Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário