terça-feira, 5 de março de 2013

Estética x Bem estar comum

"Dilma anuncia investimento de mais de R$ 6 bilhões durante visita à PB

Presidente disse que dinheiro será para obras de saneamento e mobilidade. 
Ainda foi anunciado R$ 70 milhões para obra do Centro de Convenções."


Fonte: Portal G1 Paraíba

Umas das piores estiagens da história assola a Paraíba e provoca desespero e sofrimento a milhares de famílias. Mas esse problema não pede uma resposta urgente do Poder Público. O que precisamos mesmo é de mais uma obra arquitetônica bonita que seja chamada de "cartão postal" para jogar na propaganda institucional da tevê. De tão fundamental, a questão foi responsável até por alinhar os pensamentos do governador e do prefeito da capital, quando da visita da presidenta brasileira à terrinha onde o sol nasce primeiro. Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo - rivais políticos - teriam pedido, em momentos distintos, verbas para a conclusão do Centro de Convenções de João Pessoa. Setenta milhões de reais anunciados por Dilma com um sorriso no rosto, devido à coincidência.

A visita ilustre também acentuou a veia provinciana e vergonhosa da classe política local. Deputados foram impedidos de chegar perto da mulher mais importante do país. Alguns deles, apenas com o objetivo de ganhar imagem de prestígio pela proximidade - ao menos geográfica - dela.

Dilma voltou no mesmo dia para a terra dos palácios, longe do clamor da seca e das perguntas sem resposta sobre o que obstrui a obra salvadora dos nordestinos: a transposição de águas do Rio São Francisco. Aqui, ficaram a alienação, o desrespeito, o desprezo/esquecimento e outros sentimentos negativos, de um lado. Do outro, a certeza de que, quando os políticos querem algo, eles encontram uma maneira de conseguir.

Clébio Melo

sexta-feira, 1 de março de 2013

And the Oscar goes to...

"2012 foi ano de crise, mas economia já está acelerando, diz Mantega

No fim de 2011, ele chegou a prever expansão acima de 4% para este ano.
Para 2013, Mantega reduziu expectativa de crescimento para 3% a 4%."


Fonte: portal G1

Ouso duvidar da reconhecida retórica do ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels: não, uma mentira contada mil vezes NÃO se torna verdade! Se o nosso atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, duvida de mim nesse ponto, tem todo o direito. O que conheço de economia é ínfimo perto do que ele domina. Sei que autoridades importantes têm que medir as palavras para não derrubar bolsas de valores em cascata com uma declaração infeliz. Mas creio que a tapeação precise ser suficientemente inteligente para despertar o desinteresse da população, plantar uma pulga atrás da orelha do mercado e de cada especialista da área e ter um propósito que vá além da omissão pura, da enganação ou o que quer que seja nesse sentido.

Em cada entrevista que concede à imprensa, o ministro joga e alimenta projeções tão rasas quanto as previsões da Mãe Dináh. Depois, um instituto oficial vem e as destrói com veemência. Coitada da crise econômica mundial, que carregou, mais recentemente, toda a culpa pelo reles crescimento da economia brasileira em 2012: 0,9%. Esperava-se que o foco da conversa de hoje com os jornalistas passasse pela solução para retirar a pedra que embaraça um ritmo mais coerente nosso com o de nações do mesmo patamar econômico. E o que se viu? Mais um "palpite" otimista para 2013.

Só que o de agora não veio acompanhado de riso. Mantega estava visivelmente tenso, com uma cara de quem sequer confia mesmo no que diz. Pesa sobre ele, além da desconfiança de tanta gente, a pressão que vem até de fora do Brasil. Dia desses, a revista britânica The Economist sugeriu que Guido Mantega fosse demitido. Para não sair do governo em breve, ele terá de tirar da parede o quadro de "o otimista do ano" e agir. Mais que isso: as boas notícias precisam vir num curto prazo de tempo. Tarefa difícil, não é? Mas necessária.

Clébio Melo